terça-feira, 30 de agosto de 2011

A pobreza da Londres e Paris do século XIX e os dias atuais

Leonice Monteiro
O texto de Maria Estela Bresciani apresenta a vida da classe trabalhadora pobre e do excedente coletivo gerado pela economia da cidade industrial. Esta população vive em becos pavorosos, em situações degradantes pela falta de infra-estrutura adequada e convive no seu cotidiano, com espetáculos de promiscuidade e agressões. Não difere da vida dos nossos excluídos sociais de hoje . Em favelas e áreas degradadas, populações carentes convivem com lixo, falta de esgoto, além do cotidiano de violência. Tanto nos tempos atuais, como nas cidades De Londres e Paris do século XIX, trabalhadores convivem com criminosos e vagabundos e são estigmatizados sofrendo com o preconceito da sociedade.
A Londres industrial se tornava atrativa, tanto pela riqueza gerada, quanto por possuir instituições de caridade. A conseqüência é o êxodo de trabalhadores em direção a cidade fazendo com que a mesma crescesse a ritmos espantosos. Sem lugar, estes moradores foram se acumulando no entorno das indústrias de forma aglomerada constituindo locais insalubres e com condições de vida subumana. Quando a política de demolição, entre 1850 e 1880 atingiu estas pessoas, havia uma ausência de transporte coletivo barato e eficiente fazendo muitas migrarem para o centro.
Nossas cidades contemporâneas também são atrativas e o crescimento populacional e territorial é também elevado. A população favelada aqui também se viu realocada nas periferias (especialmente no Rio de Janeiro), também tendo casos de volta destas às áreas próximas aos centros, por não terem condições de sustentar os gastos com seu deslocamento até o trabalho.
As instituições criadas na Inglaterra de forma a amparar o trabalhador desempregado podem ser comparadas com as políticas paternalistas realizadas pelos  governos brasileiros. Ações como o seguro desemprego e o bolsa-família também não resolvem nem chegam na raiz do problema que causa essa massa de desempregados. Assim como no século XIX, estas pessoas competem no mercado de trabalho em condições desvantajosas o que gera o trabalho irregular, os biscateiros, a prostituição, a espera de caridade, as manifestações de revolta.
A cidade, organizada de forma a segregar espacialmente suas funções, otimizando as produções capitalistas, delega aos seus resíduos(populações carentes, sem esperança de inserir-se no mercado de trabalho) os subúrbios, as periferias, sem infra-estrutura adequada ás suas necessidades. Estes, sejam favelados, mendingos, e outros, são vistos de forma discriminatória pela sociedade (fato constatado no livro e que persiste ainda hoje), sendo considerados fora dela. Com isso, o medo contra esta multidão de pessoas cresce. Medo da violência que estes podem infligir por não terem acesso às mesmas vantagens que os outros da sociedade têm, medo de que estes queiram através do roubo, consumir os mesmo padrões desta. Medo de que estes se apercebam de sua condição precária e se unam em revolta contra a mesma.
Percebemos então tanto na Londres e Paris de outrora como nas cidades atuais, que a pobreza humana é vista apenas como um espetáculo entristecedor ao qual os governos só dão atenção quando algum interesse capitalista está em jogo. E para a sociedade, estas multidões são vistas como de bandidos e vagabundos, sem esboçar nenhum interesse pelas causas que os levam a esta degradação humana.
BIBLIOGRAFIA:

BRESCIANI, Maria Stella Martins, Londrese Paris no Século XIX.O Espetáculo da Pobreza, 127 pgs

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